sábado, 7 de junho de 2008

Atores e atrizes dizem que vale qualquer sacrifício pela arte

As mudanças constantes de visual dão trabalho e às vezes desagradam, mas os atores garantem que fazem qualquer coisa por um personagem. "É a profissão que eu escolhi. A gente sabe que tem que ser meio 'página em branco'", conta Edwin Luisi.


Para viver a transformista Lana Lee no espetáculo "Tango, Bolero e Cha Cha Cha", ele passava mais de uma hora e meia na cadeira da maquiagem. "Eu tinha que me transformar em uma mulher. Colocava perucas, tirava sobrancelha, depilava o peito e os braços, colocava enchimento, usava espartilho e salto alto. Eu ficava irreconhecível, na verdade, ficava parecido com a minha mãe", declara Luisi, sobre o papel que lhe rendeu o prêmio Shell de Melhor Ator em 2001.


Deborah Secco e Fernanda de Freitas concordam que vale tudo em nome da arte. "Eu acho que é um presente para qualquer ator poder abrir mão da vaidade, de tudo e botar em primeiro lugar um personagem", afirma Deborah. "Raspar a cabeça, colocar mega hair, fazer dread, pintar o cabelo de roxo, tudo vale", completa Fernanda.


As duas atrizes realmente já enfrentaram vários desafios para participar de novelas. Fernanda de Freitas encurtou os cabelos, pintou de vermelho, colocou mega hair e escureceu os fios. "Nunca tinha tido cabelo escuro, achei que ficou diferente, bonito. Realçou o meu rosto por causa da franja", diz ela sobre o look da personagem Francesca, que viveu no folhetim "Malhação".


Mas uma das mudanças mais marcantes da televisão foi protagonizada pela atriz Carolina Dieckmann, na novela "Laços de Família". Em razão da personagem Camila, portadora de leucemia, a global teve que raspar a cabeça. A transformação foi ao ar durante a trama de Manoel Carlos e emocionou os telespectadores.


Quem também raspou a cabeça foi Camila Morgado para viver Olga, sua primeira incursão no cinema. As alterações da atriz não pararam por aí. Ela ainda perdeu sete de seus 52 quilos, deixou crescer todos os pêlos do corpo e teve que pintá-los de preto para encarnar a jovem militante comunista alemã, de origem judaica, Olga Benário.


Já Deborah Secco precisou perder peso para viver a adolescente Íris, de "Laços de Família", e contou com o apoio do personal trainer José Carlos Gallo, que também a ajudou quando teve de ganhar massa. "Deborah fez uma personagem em 'A Padroeira', onde ela tinha que parecer mais velha. Para isso, ganhou peso. Depois, ela voltou para perder o que havia ganhado".


Gallo, como é conhecido, já treinou Xuxa, Luma de Oliveira, Carolina Ferraz, Cristiana Oliveira, Giovanna Antonelli e Murilo Benício. O último o procurou para compor um personagem. "Para fazer 'O Clone', o Murilo precisava emagrecer e ganhar massa muscular. Fizemos um plano especial de trabalho para alcançar os resultados em pouco tempo", conta o personal.


Por falar em ganhar e perder peso, um dos atores que mais chamou a atenção pela mudança durante um trabalho foi Daniel de Oliveira. Para viver Cazuza na fase terminal do HIV, no longa-metragem "Cazuza – O Tempo Não Para", o ator perdeu 14 quilos. As gravações do filme, que começaram retratando o cantor ainda saudável, pararam por quatro semanas para que o ator fizesse um regime. Depois do lançamento do longa, Daniel revelou que comia apenas três biscoitos "cream cracker" por dia para atingir seus objetivos.


Fernanda Souza também se destacou na telinha por suas mudanças radicais. A atriz engordou oito quilos para viver a Carola na novela "O Profeta". Para atingir seu objetivo, ela fez uma dieta de engorda baseada em carboidratos e medicina ortomolecular. Após o fim das gravações da trama de Walcyr Carrasco, Fernanda apareceu magra e loira no seriado "Toma Lá Dá Cá".


Apesar da disponibilidade dos atores em mudar o que quer que seja para compor seus personagens, até mesmo eles acreditam que tudo tem um limite. "Raspar o cabelo para uma participação de dois capítulos seria complicado, porque não tem como você colocar o cabelo depois. Acabaria prejudicando trabalhos futuros", finaliza Fernanda de Freitas.

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